Versatilidade das Plantas medicinais: muito além do chazinho da vovó

Por Juliana Maria de Oliveira, Pesquisadora do Programa Flores, Hortaliças e Plantas Medicinais DA Epamig Centro Oeste

Nos últimos tempos, tem-se falado bastante das plantas medicinais. A utilização deste recurso não teve início recentemente, mas é uma prática que se estende por vários anos e de diversas maneiras. Você mesmo, caro leitor, sabe outros empregos das plantas medicinais? Garanto que inicialmente pensou em chás e pomadas, mas as informações acerca dessas espécies magníficas, vão muito além de seus usos como um gesto de afeto oferecido por uma pessoa querida como a mãe e a avó.

Vários povos e religiões contribuíram para o que conhecemos hoje como plantas medicinais e todas essas histórias e experiências geraram a cultura da cura. Extratos e gomas de plantas, eram utilizadas no embalsamamento dos cadáveres. Os antigos egípcios consagravam aromas a divindades assim como aconteceu na idade média, onde, acreditava-se que certas fragrâncias, espantavam os espíritos da doença. Mas, nessa mesma época, ocorreu uma redução no uso das plantas considerando essas práticas como algo obscuro e atrasado, o que foi repensado, posteriormente, graças a cientistas e alquimistas que as utilizavam como objetos de estudo. Até o século XIX, os recursos terapêuticos eram constituídos predominantemente por espécies vegetais.

Com as mudanças ambientais e as soluções que estas perturbações demandam, os diversos usos dessas espécies vegetais voltam a ganhar destaque. Hoje, a fitoterapia, botânica, controle biológico, agronomia, farmacologia e tantas outras áreas, estão abrindo um leque de conhecimentos que nos proporcionam ver e aplicar a utilização dessas plantas não só da maneira convencional. Essa multidisciplinaridade busca tratamentos e/ou alternativas não somente para os males do corpo, mas da alma e do meio ambiente.

Além do emprego das plantas em chás e pomadas, podemos utilizá-las, agronomicamente, em consórcios com outras espécies agrícolas, como por exemplo, hortaliças e grãos, para repelir ou atrair insetos ou bioquimicamente para criação de biocidas naturais. Podemos extrair os óleos essenciais, fazer tinturas, utilizá-las em banhos, compressas, inalações, pós, sucos, xaropes, e quimicamente, fornecer princípios ativos base para criação de outras moléculas sintéticas e tantos outros usos e misturas que geram um resultado farmacológico fantástico.

Falando um pouco sobre o que já temos de pesquisa e aplicação dessas plantas, é válido relatar a utilização do coentro para repelir insetos; na horticultura, há trabalhos com flor do mentrasto como fornecedor de recursos alimentares para joaninhas; já temos testes e experimentos utilizando óleos essenciais no controle de doenças de plantas, doenças dermatológicas e utilização na medicina veterinária. Na extração do óleo essencial, temos um subproduto que também pode ser usado, chamado Hidrolato (substância líquida e aromática, obtida pela destilação de água com plantas aromáticas) que possui efeito antimicrobiano e ação em tratamentos estéticos.

A retomada na utilização de plantas medicinais já é uma realidade e por isso é necessário reforçar, cada vez mais, o desenvolvimento de políticas públicas que contemplem e regularizem o emprego destas em seus mais diversos âmbitos, além da infraestrutura tecnológica para desenvolver produtos, subprodutos e serviços. A intenção é ampliar o acesso da população, tornando a cadeia produtiva clara, eficiente e idônea considerando, nesse processo, a geração de renda, saúde, bem estar e qualidade de vida aos envolvidos.

Mais informações entrar em contato por e-mail: juliana.oliveira@epamig.br

Publicado na Revista COOPERANDO de 15 de abril de 2024

www.cooperando.agr.br

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