O período da seca é caracterizado pela escassez de forragem, onde existe pouca oferta e baixa qualidade, fatores limitantes para a produção animal.
O animal consome pouco, pois nessa fase a forragem apresenta baixos teores de proteína e minerais e alto teor de fibra, que possui baixa digestibilidade e baixa degradação, permanecendo muito tempo no trato até ser degradada.
A necessidade de atingir ou manter um determinado nível de desempenho animal (ganho de peso, produção de leite, etc.) é o fator determinante da demanda por alimento dentro de um sistema de produção. Assim, é essencial que se elimine as fases negativas de desenvolvimento, proporcionando condições adequadas para o animal se desenvolver normalmente, durante todo o ano. Para tanto, se faz necessário manter o suprimento de alimento em equilíbrio com os requerimentos dos animais.
Uma das formas de se complementar o déficit de proteína e energia que as pastagens apresentam durante esse período do ano é através da suplementação.
Esta é feita principalmente com alimentos concentrados ou com volumosos de boa qualidade. No entanto, é importante ajustar os níveis de energia e proteína do suplemento em relação à forragem. A suplementação dos animais em pastejo pode ser realizada com o objetivo de corrigir a deficiência de nutrientes da forragem e aumentar a sua capacidade de suporte.
A condição básica para se promover a suplementação é que haja elevada disponibilidade de massa forrageira na pastagem, mesmo sendo de baixa qualidade. Neste caso, o consumo, a digestão, absorção ou metabolismo estão sendo adversamente influenciados por uma deficiência nutricional.
A suplementação de animais com fontes proteicas com alta degradabilidade ruminal, tem sido utilizada para corrigir dietas desbalanceadas, devido ao atendimento imediato dos requerimentos de amônia para o crescimento e atividade microbiana. Assim, promoverá maior digestão da forragem, bem como uma taxa de renovação mais rápida da digesta pelo rúmen, proporcionando um maior consumo e produção animal.
A fonte de proteína degradável no rúmen (PDR) mais barata existente no mercado é a ureia, que quando utilizada associada às misturas minerais e grãos, possibilita redução na deficiência proteica de bovinos de corte durante o período de secas.
No período da seca, para obtenção de ganhos de peso diários acima de 800 g, deve-se liberar o consumo de suplementos. Portanto, ureia e sal são usados para satisfazer às exigências nutricionais e otimizar a eficiência microbiana, consumo e utilização de forragens, sem a preocupação de controle de consumo.
As misturas múltiplas, conhecidas também como sais proteinados, são suplementos obtidos pela mistura de fontes proteicas, nitrogênio não-proteico (ureia), energia, macro minerais e micro minerais. As fontes proteicas e energéticas adicionam nutrientes e também funcionam como palatabilizantes.
O fundamento do uso das misturas múltiplas é suprir a deficiência de nutrientes para as bactérias ruminais, principalmente nitrogênio, para aumentar o consumo e a digestibilidade de forragens de baixa qualidade, alterando a situação de perda de peso para obtenção de ganho de peso moderado, em torno de 200 a 300 g por animal por dia, dependendo da disponibilidade de forragem. Um aspecto importante é que, embora seja fornecido para animais que estão em pastagens, o consumo é limitado e controlado pelo próprio animal, facilitando o manejo e racionalizando a utilização de mão-de-obra na distribuição desses produtos, a qual pode ser semanal ou quinzenal. Para que o consumo seja limitado a valores previamente estabelecidos, recorre-se ao uso de controladores de consumo, tal como o sal comum.
O fornecimento da ureia com o sal mineral ou a utilização de mistura múltipla, com um consumo variando de 0,2 a 0,6 kg/animal/dia, para bovinos mantidos em pastagens e/ou alimentados com volumosos tropicais, contribui para diminuir a perda de peso, satisfazendo as exigências de mantença ou possibilitando pequenos acréscimos no peso vivo.
A suplementação no período seco, visa otimizar o uso da forragem disponibilizando nesse período crítico um aporte de nitrogênio ao sistema que servirá para estimular o consumo minimizando as perdas e, podendo até resultar em pequenos aumentos de produção. Possivelmente os resultados virão como ganho satisfatório no período das águas, onde se obterão maior ganho de peso e/ou maiores produções de leite.
Essas alternativas devem ser ponderadas, para que se tenha uma relação entre custo e benefício que otimize o sistema.
Por Karina Toledo da Silva (1); Clério Hickmann (2); Israel Campos Silva (3) – (1) Pesquisadora Epamig; (2) Engenheiro Agrônomo; (3) Bolsista de Iniciação Científica FAPEMIG/EPAMIG – Matéria publicada na edição 451 da Revista COOPERANDO – maio de 2013