O trator agrícola é a fonte de potência mais importante do meio rural. A utilização correta do conjunto motomecanizado, trator + equipamento, pode gerar uma significativa economia no consumo de energia e, portanto, menor custo operacional e maior lucro ao produtor. Esse menor custo operacional passa pela manutenção correta dos equipamentos. A manutenção dos tratores agrícolas e implementos é um conjunto de procedimentos que visa manter o equipamento nas melhores condições de funcionamento, propiciando aumento da vida útil, evitando danos prematuros, eliminando os já observados e concorrendo para maior segurança no trabalho. Essa conduta, apesar de simples, exige atenção e cuidado semelhante ou até maior quando comparado a outro veículo automotor ou outra atividade.
As despesas com reparos e manutenção compõem os mais elevados itens dos custos operacionais, principalmente se forem realizadas manutenções corretivas ao invés das preventivas, tornando antieconômica a atividade. A este fator negativo acrescenta-se ainda o uso de peças de reposição de baixa qualidade, a não observância de retíficas periódicas e a falta de treinamento do operador.
A manutenção adequada, aliada ao correto armazenamento das máquinas e implementos, aumenta a eficiência do trabalho, minimizando perdas de tempo com paradas para correção de eventuais problemas.
O custo da manutenção preventiva é, certamente, menor do que o custo relativo à parada do equipamento quando o mesmo necessita de manutenção corretiva.
Seguem as manutenções recomendadas:
O nível de fluido da bateria – indicação do nível correto da solução (1,5 cm) em cada célula. O fluido deve recobrir completamente as placas da bateria. Utilizar fluido próprio. Na falta deste utilizar água filtrada.
O nível de água de arrefecimento – deve ser avaliado com o motor na temperatura ambiente completando-se até nível máximo. Utilizar água limpa.
Radiador – Verificar, visualmente, o estado de limpeza externa do radiador. É importante observar se não há restrição da passagem de ar pela colmeia do radiador por palha ou mesmo barro. Isto influencia na troca de calor. O procedimento para desobstrução pode ser feito por água ou ar em sentido oposto à passagem do ar pela colméia.
Nível do Óleo de lubrificação do motor – O nível do óleo do cárter deve ser avaliado pelos níveis marcados na vareta e deve ser feito com o trator em superfície plana e o motor em repouso por tempo mínimo de 30 minutos. O nível deve ficar entre as marcas de mínimo e máximo e jamais fora delas.
Nível do óleo da transmissão, das caixas das reduções finais, da caixa de direção, do diferencial, cubos das rodas, diferencial dianteiro (4×4 e 4×2 TDA) – determinado com o trator em superfície plana e o motor em repouso por tempo mínimo de 30 minutos.
A verificação do nível de óleo, tanto do cárter quanto o da transmissão final, são fatores de grande importância na conservação do motor, pois, um sistema eficiente de lubrificação, garante maior conservação aos motores, em razao da redução do atrito entre seus mecanismos.
Suspiros – verificar os suspiros do diferencial e reduções. Fazer a limpeza se estiverem obstruídos. Os respiros permitem a troca de pressão entre os reservatórios e o ar ambiente, equilibrando a pressão.
Correias – estão presentes na compressão de ar, ventuinha do radiador, alternador. Elas têm uma tensão adequada de trabalho. A folga permitida é de 2 milímetros. Observar se não estão com rachaduras ou gastas. Se assim for substituí-las.
Reabastecimento do tanque de combustível – Após a jornada de trabalho, no fim do dia, completar a quantidade de combustível no tanque. Isto deve ser feito com o trator ainda quente, preenchendo-se totalmente o tanque de combustível. Se este permanecer vazio ocorrerá acumulo de água em razão da umidade contida no ar, formando gotículas d’água, devido à condensação ao resfriar-se com o tanque vazio. Se isto ocorrer, deve-se retirar o tampão na parte inferior do filtro e drenar a água presente. Se esta água permanecer no circuito, haverá danos na bomba injetora.
Parte elétrica – verificar funcionamento das luzes do painel, de sinalização e alerta e os fusíveis.
Distribuição de massa entre o eixo traseiro e dianteiro – lastros metálicos no rodado traseiro e no para-choque e a utilização de lastros líquidos nos pneus, deve ser feita de forma a manter 40% do peso no eixo dianteiro e 60% no eixo traseiro. Observar o índice de patinagem. Se for em excesso adicionar peso ao trator se for muito pequena retirar peso. O índice ideal é de 8 a 12%. Nos tratores com rodagem dupla na traseira, a lastragem deve ser feita somente nos pneus internos. A pressão dos pneus internos deve ser de 2 a 4 psi maior que a dos externos.
A pressão de ar dos rodados – calibrar os pneus conforme recomenda o manual do fabricante verificando sempre o tipo de pneu. Essa determinação dever ser realizada com o pneu em temperatura ambiente e à sombra. Pressão nos pneus acima do recomendado aumenta a patinagem das rodas de tração e acelera o desgaste. Pressão abaixo do recomendado aumenta a resistência ao rolamento e causa aumento no consumo de combustível, além de provocar danos aos pneus.
Condição dos pneus – verificar a altura das garras dos pneus e a presença de cortes, rachaduras ou quebras de garras que caracterizam anomalias dos pneus.
Filtro de ar – Para a verificação do filtro de ar, examinar o funcionamento do indicador de restrição de ar presente no painel (luz spia). Se ascender, realizar a substituição dos elementos filtrantes primário e secundário, e a limpeza do copo de sedimentação. Caso opte pela limpeza do filtro primário, devem ser aplicados jatos de ar de dentro para fora, à pressão máxima de 5 bar (70 lb/pol²). O número de limpezas do filtro primário não deve passar de três, devendo-se marcar com caneta esferográfica diretamente no filtro. O filtro secundário (de segurança) não admite processo de limpeza e deve ser trocado sempre que o filtro principal for substituído. Trocar ambos os filtros após período de um ano de uso. A não observância desse item, levará o motor a perder potência, aumentar o consumo e provocar superaquecimento, podendo acarretar sérios danos à máquina.
Pinos graxeiros – verificar todos os pinos graxeiros do trator e implementos para avaliar a necessidade de lubrificação, tomando como base a avaliação visual, indicando se os pinos estão lubrificados ou não. Para lubrificar proceder a limpeza dos pinos com um pano e aplicar a graxa.
Verificar periodicamente o estado das mangueiras, se estão ressecadas ou com trincas e o aperto e a posição das abraçadeiras.
Porcas e parafusos – verificar o aperto de porcas, parafusos e a fixação de pinos.
Limpeza das máquinas e implementos – Ao final das atividades realizar a limpeza com jatos de água e proteger as ferramentas, partes do implemento que entram em contato com o solo, com material anti corrosão ou mesmo com aplicação de óleo queimado.
Mancais dos implementos – a óleo ou graxa, efetuar a lubrificação periódica se necessário.
Pedais de freio e embreagem – observar a medida correta da folga dos pedais.
A correta leitura e interpretação dos indicadores no painel, sejam eletrônicos ou mecânicos, podem auxiliar na manutenção de diversos componentes da máquina como: nível de óleo que leva à falta de lubrificação, pressão do óleo, temperatura do motor, rotação do motor, indicador de restrição à passagem de ar para procedimento de limpeza do filtro de ar e nível de combustível, são alguns do principais instrumentos de leitura que, se verificados no painel, evitam sérios danos ao trator.
Na dúvida, consulte sempre o manual do proprietário ou procure um profissional para se orientar.