Controle da “Mosca do Curral” e o Tripanosoma

Por Daniel Sobreira Rodrigues, pesquisador da Epamig |||||

O controle da “mosca dos estábulos” ou “mosca do curral” é uma importante medida para a prevenção e o controle da tripanossomíase, um novo problema sanitário que está preocupando o produtor de leite de Minas Gerais. Embora nas regiões Norte e Centro Oeste do Brasil, ocorra já há algum tempo, apenas agora está atingindo de forma significativa o nosso Estado.

A preocupação dos produtores procede, pois, com a introdução dessa enfermidade, o setor está observando o custo de produção se elevar de forma definitiva. Isso, porque além da perda de animais, dos altos gastos com tratamentos e da redução do desempenho produtivo do rebanho, a doença tem caráter endêmico. Isso quer dizer que, infelizmente, ela deve continuar por aqui.

Bem, mas o que as moscas tem a ver com essa história? A questão é que a transmissão da doença se dá por via sanguínea, e insetos que se alimentam de sangue e agulhas contaminadas costumam ser as principais fontes de infecção. Diferentemente do Pantanal, onde os surtos da doença estão relacionados principalmente às “mutucas”, aqui o principal inseto transmissor é a “mosca dos estábulos”, que, por causa de suas dolorosas picadas, também causa grande incômodo aos animais.

Essa mosca tem o aspecto muito parecido com o da “mosca comum” ou “mosca doméstica” e, assim como ela, também aumenta sua população a partir de agora, com a chegada do calor e das chuvas. Em propriedades produtoras de leite da Região Central do Estado, o esterco de bovinos acumulado ao ar livre geralmente é o criatório mais significativo. Portanto, o manejo de esterco desempenha um importante papel, sendo considerada a medida mais eficiente para o controle dessas populações.

Para isso, existem diversas alternativas, como: cobrir os montes com lona por período de 90 dias ou mais; distribuir em finas camadas o material acumulado por até sete dias, em áreas de pastagem, capineira ou cultura; utilizar os sistemas de esterqueiras cobertas, produção de húmus, compostagem, biodigestores, lagoas de estabilização, até sistemas de tratamento mais complexos, que envolvem a aeração do efluente e a recirculação do lodo. Todos, manejados corretamente, irão reduzir drasticamente a proliferação de moscas.

Em um primeiro momento, adotar qualquer das alternativas citadas, parece significar a incorporação de mais uma tarefa a uma rotina já sobrecarregada, e mais um elemento ao custo de produção. No entanto, na verdade, a destinação dos efluentes gerados é uma etapa obrigatória do sistema. Não há como evitá-la. Além disso, se bem feita, gera uma série de benefícios diretos e indiretos que precisam ser considerados. O que ocorre é que, muitas vezes, essa questão é relegada a um segundo plano.

Agora, com o advento da tripanosomose em nosso meio, o assunto surge novamente, mas dessa vez em caráter de urgência. Juntamente com a não introdução de animais de regiões afetadas e a não reutilização de seringas, essa é uma das principais formas disponíveis para se conter a expansão e o impacto da doença.

Para que o produtor tenha maiores chances de sucesso no controle da “mosca dos estábulos” e utilize as opções mais adequadas para a sua realidade, como sempre, se recomenda um acompanhamento técnico de qualidade.

Daniel Sobreira Rodrigues – Pesquisador da Fazenda Experimental Santa Rita Epamig, em Prudente de Morais, MG. Matéria publicada anteriormente na Revista COOPERANDO de novembro 2014, edição 539.

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