Uma Família em Ruínas

Por José Luiz Corrêa da Silva, advogado |||||

A fazenda da família Amaral era um exemplo de prosperidade. Marcos Amaral havia herdado as terras de seu pai e, com o tempo, as transformou em uma das maiores produtoras de soja da região. Junto com sua esposa, Ana, construiu um verdadeiro império rural. Seus três filhos, Daniel, Felipe e Luísa, sempre viveram rodeados de conforto, mas também aprenderam com o pai o valor do trabalho duro.

Porém, quando Marcos começou a sentir os efeitos da idade, percebeu que seu maior temor não era a perda física, mas o futuro da fazenda. Sabia que, após sua morte, a harmonia entre os filhos poderia ruir, e o império que ele construíra seria destruído por disputas e ambições.

Daniel, o mais velho, sempre foi o braço direito de Marcos nos negócios. Trabalhava na administração da fazenda desde jovem e acreditava que, naturalmente, deveria ser o herdeiro principal, não em questão do valor, mas sim para administrar os negócios. Praticamente pensava igual ao pai.

Felipe, o segundo, era mais ambicioso e tinha planos de expandir a fazenda para além das terras da família, mas sempre foi visto como impetuoso e imprudente. Isso causava ao pai, certa preocupação, especialmente que pretendia pegar financiamentos para dar andamento aos seus planos. O pai até via prosperidade nessa forma de agir, mas achava muito arriscado pois, por melhor que seja o planejamento, existia sempre o risco do clima, que algumas vezes já o prejudicou.  

Luísa, a caçula, amava a fazenda, mas sua paixão estava em projetos sociais, e ela não tinha o mesmo interesse em administrar o negócio, mesmo porque sua idade não lhe dava experiência para tocar os negócios.

Conflitos familiares podem destruir um legado!

Certa noite, durante uma discussão familiar, os irmãos começaram a expor suas ideias, desejos e frustrações. Daniel acreditava que o controle deveria ser dele. Felipe queria uma parte maior para investir em novos projetos. Luísa, por outro lado, não queria participar diretamente, mas também não aceitava ser excluída.

Nessa hora todos querem ter razão!!!!

O que começou como uma simples conversa se transformou em uma briga feia, com acusações, mágoas antigas e promessas de nunca mais se falarem. Ana observava tudo em silêncio, com o coração partido. Aquele era o pesadelo que Marcos sempre temeu.

Sem um plano claro, sem regras definidas, a família estava à beira de um colapso. Marcos sabia que sua herança, em vez de unir, poderia destruir tudo o que ele havia construído. E, se não fizesse algo rapidamente, seu legado desmoronaria como um castelo de cartas.


A IMPORTÂNCIA DO ACORDO DE SÓCIOS NAS HOLDINGS

A história dos Amaral nos mostra que, muitas vezes, o maior desafio em proteger um patrimônio não está no mercado ou nas crises externas, mas nas relações familiares e na falta de planejamento. Aqui entra a importância do acordo de sócios.

Você sabia?

Muitas pessoas pensam que o planejamento sucessório através de uma empresa é uma invenção moderna para as relações comerciais e tributárias, mas, na verdade, trata-se de uma visão do futuro, planejada no presente. Foi dessa, digamos, preocupação quanto a gestão planejada e com as cláusulas de proteção que surgiu a ideias das Holding familiares, holdings rurais, holdings imobiliárias e até holdings vinculadas a certas atividades.

Uma boa gestão é a chave do sucesso!

Qualquer negócio precisa de uma boa gestão para prosperar, seja em termos de pessoas ou de negócios. Por isso, após a implementação de uma holding rural, muitos gestores optam por criar um acordo de sócios. Este acordo é um ato interno da empresa, feito pelos patriarcas, que estabelece as regras de administração e gestão, prevenindo conflitos como os que a família Amaral enfrentou.

O que um acordo de sócios pode fazer por você?

O acordo de sócios pode:

  1. Definir um Administrador – O acordo pode estabelecer quem ficará responsável por administrar a empresa ou parte dela por um determinado tempo, como também definir regras de sucessão ou afastamento do administrador.
  2. Autorizar negociações e decisões – O acordo pode dar poderes ao usufrutuário para negociar os ativos da empresa, contrair dívidas e tomar decisões sem precisar da participação direta de todos os sócios, evitando paralisações em momentos críticos.
  3. Estabelecer Multas – Pode-se prever multas para sócios que desejarem se afastar da sociedade por um período, garantindo a integridade do capital social e a continuidade das responsabilidades por determinado tempo. Isso é importante para evitar um colapso financeiro em face do afastamento de um dos sócios.
  4. Definir o Sucessor – Essa cláusula é importante. No acordo de sócios, o patriarca ou a matriarca podem decidir quem será o sucessor destes. Lembra da briga dos filhos quanto a administração da empresa, os patriarcas podem delimitar qual deles ficariam com a administração da empresa. Se entendessem que os filhos não estavam capacitados para isso, poderiam delimitar que a empresa teria um administrador contratado.

E as regras e cláusulas podem ser de diversas e de variadas formas tudo com o fim atender a vontade dos patriarcas e as necessidades da empresa e principalmente, evitar o litígio futuro entre os filhos.

Proteja o que é seu até mesmo para quando não estiver mais aqui.

Nessa empresa (holding) cumulada com planejamento sucessório, o acordo de sócios é fundamental para que os patriarcas se mantenham no poder e no controle da empresa até o fim da vida. Um acordo bem estruturado pode garantir que essas regras continuem valendo mesmo após o falecimento dos pais, evitando conflitos como os que quase destruíram a família Amaral.

Nunca pense que isso não acontecerá com sua família. O seguro foi feito para garantir uma situação futura que ninguém quer que aconteça, mas se acontecer, os riscos são minimizados em face daquele planejamento.

Seu legado está em risco?

Se você deseja evitar disputas familiares e proteger o seu negócio, o acordo de sócios é uma peça essencial. Ele garante que as decisões sejam claras, os papéis definidos e que o legado familiar permaneça intacto.

Quer entender mais sobre como proteger seu patrimônio com uma holding rural e um acordo de sócios? Então comente abaixo, deixe suas dúvidas ou entre em contato. Não deixe para amanhã a proteção do que você levou uma vida para construir.

José Luiz Corrêa da Silva é Advogado.

Telefone: 31 98837-0733.

E-mail: jlcorreadasilvaholding@gmail.com

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Respostas de 9

  1. Uuhh tenho que resolver essa questão da fazenda. Tenho filho que não quer nada e dois filhos responsáveis! Gostei da ideia.

  2. Parece uma “história qualquer”, mas é a realidade em muitas famílias empresárias, no campo e na cidade.
    Pena que muitos patriarcas se recusam a aceitar que os filho(a)s são pessoas autônomas, com seus próprios sonhos, os mais diversos, inclusive “vender a empresa” e picar a mula pelo mundo!!
    O planejamento patrimonial integrado (patrimonial, tributário e sucessório) protege o patrimônio, elimina o inventário, harmoniza a família e permite uma transição entre gerações sem mágoas, respeitando os sonhos de cada um de seus membros…
    A continuidade dos negócios, se viável e desejada, é uma alternativa que precisa ser “vendida” — eventualmente, com ajuda de profissional especializado.

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