A imagem urbana do agronegócio

Por Benjamin Salles Duarte, engenheiro agrônomo |||||

O conceito de agronegócio formulado na década de 1950 nos EUA, para além do chamado fomento agrícola, abrange todas as atividades e sistemas agro comerciais, logísticas, inovações, mercados, processos produtivos, Ciência & Tecnologia, gestão para resultados, políticas públicas, entre outras condicionantes indissociáveis que ocorrem antes da porteira da fazenda, dentro dela, e nos mercados por vias internas e externas.

Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro foi de R$ 2,58 trilhões ou 23,08% do PIB total do Brasil, e R$ 2,50 trilhões estimado em 2024; queda por razões de consumo, clima, preços e mercados. De janeiro a outubro de 2024, o superávit nas exportações do agro/BR somou US$ 85,8 bilhões, e no ano de 2023 atingiu US$ 148,5 bilhões (CNA); o agro/MG de janeiro a setembro de 2024 gerou um superávit de US$11,4 bilhões; MG exporta para 167 países e envolve dezenas de municípios (Seapa).

O agronegócio, por definição e sem detalhamentos, configura e abrange os agricultores familiares, médios produtores e grandes empresários, com suas singularidades econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais, sendo, portanto, fundamental num país definitivamente urbanizado a construção coletiva de uma positiva imagem urbana sobre os papéis essenciais do agro brasileiro por suas ofertas, demandas e compromissos internos e externos!

Ainda persiste muita desinformação sobre o agronegócio MG/BR, e apesar dos esforços dos meios de comunicação e eventos conectados com o mundo rural! A consistente “imagem urbana” do agro fortalece a pesquisa agropecuária, extensão rural, permite avaliações corretas e corretivas, e estimula o mundo acadêmico a desenvolver avanços científicos e boas práticas compartilhadas! Entretanto, é visível e mensurável que o “poder de decisão” exercido pelas lideranças rurais e urbanas está concentrado nas capitais, cidades e regiões metropolitanas, e associando-se esses cenários às crescentes taxas de urbanização no país desde 1950; processoirreversível. Em Minas Gerais, 86% da população vivem nas cidades e regiões metropolitanas, dado que depende ainda de aval estatístico do IBGE!

E mais, incluindo-se nessa visão urbana a sustentabilidade dos recursos naturais, que deve agregar um conjunto de boas práticas globalizantes, campo e cidades, e não somente governos e mídias internacionais pressionando o Brasil; pode-se aceitar que não prevalece risco zero em nenhuma das atividades humanas nos processos de mudanças e sejam nos cenários rurais e urbanos.

Entretanto, merece novamente registro e destaque que os agricultores familiares somam 3,89 milhões de estabelecimentos agropecuários no Brasil e, segundo Censo Agropecuário de 2017/IBGE; 77,6% não receberam nenhum tipo de orientação técnica indispensável à produção de alimentos de origem animal e vegetal, bem como ligada ao uso correto dos recursos naturais.  

Contudo, ouso uma hipótese a confirmar ou excluir: a orientação técnica poderá ser episódica, embora importante, mas assistência técnica presume planejar, acompanhar e avaliar desempenhos!

Noutra convergência, o agronegócio MG/BR necessita acessar aos mercados, às tecnologias, por seus métodos e meios de difusão, logísticas, boas práticas sustentáveis e fortalecer as formas cooperativistas e associativistas ou comprar bem os insumos, produzir com eficiência e vender com lucro; essa é a lógica e sem subestimar a segurança alimentar doméstica no campo.

Nos cenários rurais, Minas Gerais e Brasil, os produtores e empresários têm adotado um elenco substantivo de inovações tecnológicas geradas pela pesquisa agropecuária. Recorde-se também que as áreas de reserva legal e preservação permanente nos domínios dos estabelecimentos agropecuários, outubro de 2019/IBGE, somavam 268 milhões de hectares ou 31,5% do território brasileiro; 28 vezes maior que Portugal; 4,6 vezes superior à área total de Minas Gerais; e 2,4 vezes o Estado de São Paulo! A rastreabilidade nas culturas e criações veio para ficar nos estabelecimentos agropecuários; questão de tempo!

Depreende-se, sem muito esforço dedutivo, as complexidades, exigências e dimensão geográfica do agronegócio brasileiro! As áreas protegidas pela legislação ambiental somam 563,5 milhões de hectares (66,2%). No Brasil, o plantio direto na palha, conjunto de práticas conservacionistas do solo e da água, ocupa 45 milhões de hectares (ABPD).

A adoção de biotecnologias nas culturas e criações revela um crescimento considerável e promissor e a “matriz” energética limpa brasileira se destaca mundialmente, incluindo-se o etanol derivado da cana-de-açúcar e milho!

A integração Lavoura + Pecuária + Floresta (ILPF) (ABC+) (Mapa) fundamenta-se na recuperação integrada e sustentável das pastagens degradadas e já resultam em 17,4 milhões de hectares (2021) num potencial de até 30 milhões no médio prazo se houver adoção de inovações, crédito rural, gestão para resultados e políticas públicas! MG ocupa o 4º lugar no ILPF, com 1,59 milhão de hectares (Embrapa). MG ocupa o 1º lugar na produção de energia solar (fotovoltaica) centralizada, com 36,4%/BR.

Aliás, os programas educativos de visitas de escolares urbanos ao campo merecem ser ampliados. Finalmente, é fato concreto que muitas lideranças nacionais não têm origem rural, mas reúnem “poder de decisão.”

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