“Sol de primavera (tá quase), abro as janelas do meu peito, a lição sabemos de cor, só nos resta aprender…”, letra da música de Beto Guedes. Na Beira do Rio, foi procurar o encavado do barranco pra chegar na beira d’água. Quem está montado em animal experiente pega a guia, os outros seguem logo atrás.
Quando o primeiro entrou na água fez um barulhão assustando. Os derradeiros, que seguiam, tamina cuidadosa, pois do lado direito tem um poço fundo dentro do Rio. Se lerda um tiquinho, naquele ponto, era assustador, as águas passam ligeiras, só mesmo a nado. Coisa de nem pensar no momento.
Estalou uma sonora palmada do lado direito na taba do pescoço da égua, indicando pra desviar um pouco. Ela bafejou a água cristalina, seguindo confortável rio adentro. Botinas, perneiras da Selaria Sete, até a altura dos joelhos, já estavam molhados. Cavalgante seguia relutante, nervoso, o corpo a tremer, sem deixar que os companheiros percebessem seu medo. Longos segundos que pareceram horas, ai falou, saiiiinnnndo fora.
Pensou. Égua abençoada essa uma. “Siga em frente, tenho uma nova trilha pra vocês, vão à luta sem medo pois estou contigo. Foi Deus que disse assim.”
Palmito Bar do Som, Bar do Iremar, o João, familiares, cavalgando já quando muito duas horas, duas e meia tinham ficado pra traz. “Bora moçada”. Alertou aos cavalgantes, sem exigir que os outros sejam como queremos, pois nem nós somos.
Lá no Orlando e Berenice, ajeitavam, apurando um capado, recém sacrificado. Torresmo, linguiça, Muçia, feitos com muito capricho, tinha é muita carne.
É de deixar o coração bater e disparar. Nós tiramos um tempo do nosso tempo para passar um tempo com o dono do tempo enquanto há tempo.
Maquinezinho, Periquito também ficou pra traz, o destino agora é Brejo Alegre. Alguns minutos e mais um tempinho dilatado chegamos. O Pedro mostrou onde lavar e soltar a tropa para merecido descanso e alimentação. Ali, pouso daquela noite. Não estamos apenas vivendo, e sim criando uma história inspiradora.
E lá estávamos nós, fazendo mais uma cavalgada. Foi com tudo aquilo que nos faz feliz. Realizados são aqueles que sabem deixar boa lembrança na alma dos outros… No outro dia, o Cacau, Giovani, Du, Hudson e Flávio seguiam. Tínhamos um plano, e Deus, como sempre, convidado a cavalgar conosco.
Orlando, Berenice, Juliana, Guilherme, Luiza, Laura, João Teixeira, Lindalva, Rafaela, Wanderson, Mariana, Felipe, Regiane, Gabriel, Milena, Matheus, Carlinhos, Lucia, Giovana, Tania, Reinaldo, Jair, Deusdete, Nildenia, Sérgio, Thaís, Izadora, Joãozinho, Patrícia, Júnior, Sirléia, Matheus, Miguel, Henrique, Roseana, Helena, participaram desta cavalgada intermunicipal: Jequitibá, Cordisburgo, Curvelo. Viver, é a única coisa que não podemos deixar para depois…
E não é que o Matheus se deu bem. Cavalgou a égua Joooia, 1,57 m de altura. Cabeça larga na fronte, fina no chanfro e focinho, pescoço largo. Forte, bem inserido em espádua inclinada. Costelas longas e arqueadas, dorso curto, musculatura forte e bem distribuída, pernas bem direcionadas, com quartelas anguladas. Sem trote, sem andadura, marcha cômoda, com sobre-pegada. Pelagem lobuna, cernelha de animal muar. Resolvida, ela é livre…
Procurando sempre fazer o melhor com as condições que temos, vou cavalgando pedaços de mim vou deixando…



