Tenho alguns animais por um sonho pessoal. Na ocasião certa, quando ficar muito velho e não puder mais cavalgar, alguns estarão em piquetes em frente a varanda, como troféu das minhas lembranças.
Ali da varanda apreciávamos a chuvinha fina continuada que brilhava em muitos olhos ao cair na grama crescida agradecida pelo bom tempo com as benvindas chuvas. A grama não tem flores para chamar atenção com a fragrância, ela não produz frutos, mas se sua existência faltar, vai causar muita fome. Ela acode antes do capim.
Uma égua parida já há uns 30 dias relinchou num pasto atrás da casa, deve estar no cio. O garanhão retribuiu galhardamente, de um piquete do outro lado. Duas éguas pampas entraram no pátio para saborear a grama. Oh, estas pampas fazem agora em janeiro 14 anos, uai pai é mais, falou um dos filhos.
Tá certo! 14 anos haviam passado desde que fizemos aquela cavalgada. Estas pampas participaram, de Sete Lagoas à São Francisco. Fica bem pra baixo de Montes Claros.
Ainda lembro. Na madrugada do dia 12 de janeiro de 2011 acordamos ali no Brejão para aquela tamina prazerosa de encabrestar, raspar, selar os animais. Partimos. O destino era Cordisburgo, onde a turma sempre me oferece Muçia, a quem conheça por chouriço.
O cozinheiro Melado chega na camionete com o almoço; o camioneiro Romero, com o animal que seria cavalgado depois do almoço. O Aguinaldo no apoio em carro com carretinha.
Na hora do almoço, o animal cavalgado das 6 horas da manhã até às 11h13 era encarretado no caminhão e levado para o próximo pouso, no caso Mascarenhas. O animal que chegou no caminhão seria selado e cavalgado até Mascarenhas.
No 2º dia, o animal que chegou no caminhão foi selado e cavalgado até Curvelo, local do almoço e troca de animal. O caminhão leva os animais cavalgados até a hora do almoço para a Fazenda Macacos, pouso daquele dia.
No 3º dia, integrantes do Clube do Cavalo de Corinto aguardavam e cavalgaram com a comitiva. Almoço e troca de animais em Contria, pernoite em Beltrão. Raul e Paredinha jantaram e pernoitaram com a comitiva.
No 4º dia, almoço e troca de animais na Fazenda Boa Esperança, pernoite em Várzea da Palma. Muita cantoria com música boniiita. Chegam Everaldo, Lê, Branca e Zé Casquinha. Dali o Adriano, cantador e tocador, voltou, finalizou sua participação.
No 5º dia, almoço e troca de animais na fazenda Mecominas, pouso em Porteiras (Barra do Guaicuhy). Sol quente e muita chuva.
No 6º dia, almoço e troca de animais no Bar do Genildo, pouso em Ibiaí do Carlinhos da Imobiliária.
No sétimo dia, almoço e troca de animais no Bar Mariana, pernoite na Gameleira, região de Ponto Chique, com fartas pastagens para os animais, assim como em todos os pousos.
No 8º dia, almoço e troca de animais na Agropecuária Guariba do Senhor Emilio e filhos Silvana e André. Chegam Rose, Joaquina e Tânia Mara. Pernoite no Severino, o homem das vaquejadas no Norte de Minas.
No 9º dia, cavalgamos rumo a cidade de São Francisco, encontramos Everaldo com a Comitiva Cavaleiros Independentes. Chegamos na Fazenda do Everaldo, destino de nossa cavalgada. Muita cantoria, missão Cumprida.
Selas ajeitadas na Selaria Sete não causam machucadura. No outro dia, 22 animais foram embarcados no caminhão e retornaram.
Causamos espanto, fomos fotografados, fomos admirados. Participaram desta cavalgada, Sete Lagoas à São Francisco: Luiz Diniz, Edson Silva, Magela Falcão, Tiago Pereira, Marcus Vinicius, Valter Bastos, Chico Dornas, Leonardo Bruno, Reinaldo Pessoa, Carlos Magno, Juliano Pereira.
Vou cavalgando, pedaços de mim vou deixando…