Por Larissa Faria Menezes e Cláudio Manoel Teixeira Vitor* |||||
No Brasil, a grande maioria dos bovinos são criados em um sistema extensivo, ou seja, a alimentação tem como base o uso de plantas forrageiras. Além disso, os produtores tem o hábito de concentrar todos os animais em uma única área, tanto machos quanto fêmeas, e por consequência perdem o controle em relação ao período de acasalamento. Sendo assim, os partos ocorrem durante todo o ano, mesmo em épocas onde não há boa disponibilidade de forragem, e isso resulta em animais menos sadios, desenvolvidos e dificulta o planejamento das operações necessárias como desmama, descorna, vacinações, vermifugações e até mesmo a comercialização.
Uma saída para superar esse problema é a implementação da estação de monta, que é uma prática essencial para otimizar a eficiência da reprodução animal e facilitar os manejos dentro de uma propriedade rural. Essa técnica consiste na exposição das fêmeas aos touros (monta natural), a inseminação artificial (IA) ou a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em um determinado período do ano de modo a ter maior controle do rebanho e facilitar a gestão da fazenda. Para detecção do cio podem ser utilizadas diversas ferramentas, como a observação das mudanças comportamentais das fêmeas, uso de rufião ou vaca androgenizada.
A duração da estação de monta varia entre 60 a 120 dias, podendo diferir de acordo com a região e o tipo de criação utilizada. A escolha do período adequado é de suma importância e deve-se levar em consideração o clima e disponibilidade de forragem. O ideal é que a estação de monta ocorra no período das águas, entre os meses de janeiro a março, quando há maior oferta de forragem, garantindo que as matrizes tenham acesso a uma alimentação de qualidade, uma vez que o escore corporal das fêmeas está diretamente relacionado com a taxa de prenhez e com a qualidade do bezerro produzido. Além disto, a sincronia de partos auxilia no cuidado com as proles e com os manejos sanitários que são fundamentais nessa fase.
Manter as fêmeas bem nutridas durante a gestação é essencial para que os filhotes nasçam e se desenvolvam de maneira adequada. Sendo assim, os cuidados devem ser iniciados antes mesmo do acasalamento, com a escolha de animais com boa procedência genética, avaliação da fertilidade dos touros e as condições ginecológicas das matrizes, separação de lotes de acordo com a idade e condição corporal das vacas e disponibilização de alimento de qualidade, que supra as necessidades diárias dos animais.
O nascimento dos bezerros, com a estação de monta implantada, é prevista para os meses de outubro a dezembro, início do período chuvoso. Nessa época as pastagens retornam o desenvolvimento e melhoram a qualidade, trazendo assim condições favoráveis para o crescimento saudável dos bezerros e uma boa nutrição para as mães lactantes, desta forma permitindo uma melhor criação dos filhotes.
Outro fator relevante é o desmame do bezerro, que ocorre entre o outono e o inverno, e é nesse período que as vacas precisam acumular condição corporal para estarem fisicamente e nutricionalmente bem para o próximo período de monta. Nesse momento é feito a descarte das fêmeas que produziram filhotes fracos ou que não tenham demonstrado boa habilidade materna.
Resumidamente, ao implementar a estação de monta, o produtor consegue ampliar a produtividade do seu rebanho e controlar os custos operacionais, pois o manejo torna-se mais simples e previsível. Empregando um planejamento adequado, que esteja de acordo com a realidade do produtor e da propriedade, é possível obter bons resultados produtivos e aumentar a lucratividade. Além de facilitar a gestão da fazenda, trazendo uma visão estratégica de longo prazo, onde a qualidade e a quantidade de produção sejam ajustadas de acordo com as metas de crescimento do pecuarista. Ademais, melhora o bem-estar animal, produz um rebanho de alta qualidade e otimiza a comercialização da produção.
*UFSJ – GEPEC – Grupo de pesquisa em Pecuária – instagram: @gepecufsj