Barra do Riachão à Fazenda Quatro Anas

Por Ti Rei (Reinaldo Pessoa) ||||

A chegada do claro da manhã trouxe muito ânimo aos cavalgantes, alegres, seguida das saudações de costume…

Os aninais tinham ficado em fartas pastagens. Trazidos para o curral, escolhidos e ferrados dias atrás. O ajeito feito na sela pelo pessoal da Selaria Sete ficou fenomenal. Tropa selada, feitas as costumeiras orações, despediram. Seguido do Deus acompanhe, partiram.

Hora de descer a barranca e adentrar no rio. Hora de mostrar para meus medos que eles não sabem nada sobre a minha coragem. Pensar em quê? Meditar, não tinha tempo pra nada. É atravessar e foi o que fizemos. Os cascos das éguas, vez por outra, lançavam um torrão sobre às águas limpas nesta época do ano. Saímos fora.

Sentado confortável em cima da sela, ia pensando. A felicidade não começa quando conseguimos o que queremos, mas sim quando aproveitamos o que temos.

Maquinezinho foi ficando para trás. Numa encruzilhada em “Y” pegamos rumo à Palmito. Outra parada para água, alimentação e descanso dos animais.

Algum tempinho delatado, partiram. O destino agora era o povoado de Periquito. Aragem morna, calorão.

Assim como os cavalgantes, a tropa também percebeu. O povoado de Periquito estava logo à frente. A tropa na estrada acomodada numa marcha suave cata, cata, cata, cata…

Assim, como as árvores trocam suas folhas, mas não perdem suas raízes, posso mudar opinião, mas sem perder princípios.

Em Periquito, alimentação água e descanso

O cavalgante cochilando em cima do cavalo. “É a terceira vez”, falou o companheiro mais próximo. O cavalo é sabido, sabia a situação, o perigo, alertando o cavaleiro em cima da sela, dando um suspiro alto, modificando o passo, repicando a cadência. Em cima, corpo amolecido, como carga. As rédeas mais bambas do que o costume necessário, não era bom. Cochilo, sono solto, mais demorado.

Mas nunca se sabia, a hora que uma codorna voaria, sem maldade mas por medo saindo, traiçoeira, perigosa para o distraído, debaixo do animal.

Dependesse do animal, levaria seu dono sem perigo. E o rapaz tá virado, nem dormiu. Virado é porque virou muitas; Cachaça, Cerveja, Campari, Catuaba.

Orlando, Berenice, Juliana, Guilherme, Laura, Luiza, Mariana, Felipe, Regiane, Tania Mara, Poliana, Jonathan, recepcionaram os cavalgantes. Fazenda Quatro Anas, ali na cabeceira do Jataí, no município de Curvelo. Saíram do município de Jequitibá, atravessaram o município de Cordisburgo, chegaram ao destino.

Até aqui tudo bem, pois Deus todas as manhãs nos entrega o nosso maior presente, a Vida. E sob seus cuidados está tudo o que temos. Gratidão a Ele. Mas é assim, nós vemos o que somos, só veem as belezas destas paragens àqueles que tem belezas dentro de si. Com capricho, fazendo o melhor com as condições que temos.

Vou cavalgando pedaços de mim vou deixando…

Conto publicado na Revista COOPERANDO de setembro de 2024

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