Entre o fim do inverno e o início da primavera, especialmente nos meses de agosto a novembro, ocorre o período em que os gambás aparecem com mais frequência nas áreas urbanas e rurais. Essa é a chamada temporada dos gambás, marcada pelo aumento de sua circulação fora dos habitats naturais. O fenômeno está diretamente ligado a dois fatores principais: a busca por alimento e água, em razão da seca, e o período reprodutivo da espécie.
Durante a estação seca, as matas e capoeiras oferecem menos frutos e pequenos animais, que compõem a dieta do gambá. Isso faz com que ele se aventure em quintais, sítios, depósitos de lixo e até mesmo em galinheiros, atraído por frutas maduras, restos de comida e pequenos insetos. Ao mesmo tempo, o final do inverno é a época em que as fêmeas entram no cio e os machos ampliam seus deslocamentos para encontrar parceiras, aumentando a chance de cruzar com ambientes habitados por pessoas.
Embora muitas vezes malvisto, o gambá é um importante aliado do equilíbrio ambiental. Ele ajuda no controle de pragas, pois se alimenta de baratas, escorpiões, ratos e caramujos, além de atuar como dispersor de sementes, favorecendo a regeneração da vegetação nativa. O mau cheiro que libera quando ameaçado é apenas um mecanismo de defesa e não representa perigo para a saúde humana.
A expansão urbana e a consequente perda de áreas verdes empurram a fauna silvestre para mais perto das cidades. Isso explica por que, nesta temporada, os encontros com gambás se tornam mais comuns. No entanto, é importante destacar que matar ou maltratar animais silvestres é crime ambiental, sujeito a multas e até prisão, conforme a Lei nº 9.605/98.
A recomendação de órgãos ambientais é clara: não toque, não persiga e não alimente o gambá. Se ele entrar em casa ou em um ambiente de risco, deve-se acionar a Polícia Ambiental ou equipes especializadas. Na maioria dos casos, basta deixá-lo seguir seu caminho, pois é um animal noturno, tímido e que prefere evitar o contato com humanos.
Conscientizar a população sobre a importância dos gambás e do respeito à fauna silvestre é fundamental para manter o equilíbrio do ecossistema. Nesta temporada, a presença desses animais é um lembrete de que a convivência pacífica entre pessoas e natureza é essencial para a saúde do ambiente em que vivemos.
