Por Ti Rei |||||
É verdade, acho que de tudo que gastamos, o mais caro é o tempo. A lua lá em cima muda de fase toda semana. Sabendo ou não temos que passar por isto. Calma, são as fases.
Familiares e amigos, como combinado, chegaram pra aproveitar na roça o feriado prolongado de Semana Santa e Tiradentes. A minha neta que fez 6 anos dia 30 de abril adora cavalgar. Não importa o senário perfeito, mas sim os corações conectados.
Uai sô, foi de repente, ficou mais simples, até assombra, diminui a bagagem, cabe no alforje.
Certeza eu não tenho, e isto não faz falta.
Me alembro e tenho saudade. Meu pai religioso, quando falava em Deus, levava a mão direita à aba do chapéu. Eu tinha 6 para 7 anos, na ocasião. De tardezinha, voltávamos do moinho. Ele olhou para a lua e disse: “Lua vai ser cheia semana que vem, vamos ajeitar pra ir para rua”.
Torcendo que a paz e a felicidade iam fazer parte da semana abençoada, vai iniciar a semana Santa.
Domingo de Ramos, participávamos da procissão levando algumas folhas de coqueiro, e o capim sapé, que tínhamos levado na véspera, para ter em casa a palha benta, para acalmar os temporais.
Segunda-feira participávamos da procissão dos passos. Jesus carregando a cruz, levado para a Igreja do Patrimônio do outro lado do Rio. Grande fila em frente ao confessionário.
Terça-feira Jesus anuncia sua morte, mostra a seus seguidores seus poderes amaldiçoando uma figueira. Tinha poder para eliminar seus inimigos. Com os olhos da fé víamos o lado positivo de tudo. Fila enormes em frente ao confessionário.
Quarta-feira, a procissão de encontro, do outro lado saem os homens com Cristo carregando a cruz.
Da matriz saem as mulheres com a Nossa Senhora das Dores. Em frente à igreja do Rosário acontecia o encontro. Em silencio a procissão, com mãe e filho, segue para a matriz. E os romeiros confessando.
Quinta feira muito barulho, 12h13, eram as matracas, luto pela morte de Jesus. Muita gente esperando sua vez de confessar.
Sexta feira, jejum. À noite procissão de enterro. A banda de música com o Maestro Zé Torres Pessoa, tocando marcha fúnebre.
Sábado, último dia de confissão, na época tinham pecados.
Reforçar a segurança. Pegavam coisas das casas para a Chácara do Judas. 24h01 minuto, já no domingo, os sinos anunciam. Comungar pela Páscoa da Ressurreição.
Domingo depois do almoço, recolher os animais no pasto, ajeitar roupas, latas, os pertences nas bruacas guardadoras. Dos colchões eram tiradas as palhas de milho usadas para encher os colchões, só voltavam os panos.
Cangalhas nos muares, selas nos cavalos, as despedidas, e a volta pra casa na roça. Felizes aproveitando o que tínhamos, no lugar, hora e pessoas certas.
Vou cavalgando, pedaços de mim vou deixando…

