Férias na fazenda

A conta é 6 anos e 3 meses de nascida, mas pra quem vê, os anos da minha neta parecem ser mais, as coisas com ela acontecem rápido, somando viver… Alguns buscam, outros criam a felicidade. Procurando fazer o melhor todos os dias, mesmo que ninguém veja, Deus vê, é o suficiente.
Férias escolares no mês de julho, é mió, é fresquinho, no meu tempo era gelado, tinha as tal de geadas. Certa ocasião eu fui passar uns dias de férias na fazenda Convento (Vovô Olinto e vovó Lalá). Ali sim fazia frio, a prima Lêda lembra. Lembrei saudoso, mas de volta a realidade.
De manhã, assim que o sol saiu botando sua carona amarela lá atrás do morrão, dali o Almir espera o sol aparecer quando visita estas paragens.
A neta chegou na varanda da casa com calça, camisa, chapéu, botina, recém adquiridas na Selaria Sete. Tinha chegado na véspera, dormido na roça.
Ela entrou na casa e na cozinha mostrou sua avó, como estava bem vestida. Era hora de tomar o café da manhã, reforçado. Leite, queijo, quitandas feitas no fornão, bolo de fubá de moinho d’água.
Assim o casal toca a propriedade, mas na divisão honesta como deve ser, o trabalho pesado pra ele e o serviço leve, era pra ela, uai.
Por causa do número grande de gado nos currais, avô e neta foram ajudar na lida, serviço que pelo visto era bastante.
Os novilhos castrados tinham misturados com algumas vacas paridas. E…., depois da apartação, já de regresso, do pasto onde foram levados os novilhos, e mais distantes as vacas paridas, as horas não param, eram 11h13 passava um pouquinho. Animais lavados e soltos, almoço, uai.
Na cozinha, a lenha queimava, o feijão fervia cheiroso, o caldo iniciando dar cor. As panelas nas trempes emparelhadas, no preparo do almoço. No balcão da pia, alface e tomate, plantados com ótima mão na horta de verduras com vários canteiros, como era de regra matuta.
O quiabo no frango foi colhido também. A avó perguntou a neta: – Você montou no cavalo? – Não vovó, montei na égua, na pampa, Vovô montou na tordilha.
Sem apagar nenhum dia da minha vida, os dias bons deram-me a felicidade, os maus deram me experiência; foram os piores que me ensinaram a viver.
Cavalgando conduzindo o animal sem violência, multiplicando os elogios e diminuindo as punições…
Tenho fé que a esperança continue brotando, perfumada e florida na abertura de seu coração.
Eu já enxergo a felicidade em coisa simples como o canto de pássaros, relincho de uma égua, latido do cachorro, o som do Riachão, risada da minha neta, o aviso da galinha que botou, ou alguém que se lembrou da gente e trouxe aquele pedaço de goiabada.
É tão bão saber viver e é muito bom quando a agente aprende isso…
Bem almoçados, já imaginando e esperando o lanche da tarde. Infância é o melhor tempo para aprender coisas boas, procurar viver alegre.
Assim que alimentarmos, vamos selar as éguas, encontrar do outro lado do rio a turma que tá chegando. Assim o sol entrar estaremos de volta. – Vovô, vamos ver o pôr do sol…
Procurando fazer o melhor com as condições que temos, vou cavalgando, pedaços de mim vou deixando.

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