Colheita do trigo para produção de silagem de qualidade

Por Fernanda de Kássia Gomes e Karina Toledo da Silva, Pesquisadoras Forragicultura e Pastagens/EPAMIG Centro-Oeste

O trigo, embora seja cultivado predominantemente para produção de grãos, apresenta ampla versatilidade para uso na alimentação animal, podendo ser destinado ao pastejo, fenação ou ensilagem. Quando usado para produção de silagem, o trigo contribui para ampliar o estoque de alimento de qualidade para os animais e permite maior flexibilidade na formulação das dietas.
Para obter uma silagem de qualidade, não basta focar somente no processo da ensilagem. Tudo começa na escolha da cultivar, seguido de um plantio bem conduzido, os tratos culturais no tempo correto, a colheita no ponto ideal com regulagem correta dos equipamentos, e claro, um bom manejo na hora de ensilar.
A colheita do trigo para silagem pode ser feita com colhedoras de milho adaptadas, mas o ideal é usar colhedoras de forragens com plataforma de área total, que aproveitam melhor a forragem.
Também é possível utilizar colhedoras autopropelidas, indicadas para grandes áreas ou quando há demanda por alta produção de silagem. Outra opção é usar máquinas que ensacam e compactam a silagem, tecnologia crescente em pequenas propriedades que facilita a produção, o transporte e a comercialização em menor escala.
Para uma colheita eficiente é fundamental realizar a manutenção e regulagem dos equipamentos conforme o manual do fabricante, verificando itens como lubrificantes, óleo, filtros, comandos hidráulicos, transmissão, rolos, facas, descarga da ensiladeira e pinos de segurança. Devido ao menor porte do trigo em relação ao milho, é fundamental ajustar bem a ensiladeira para garantir corte eficiente e evitar contaminação por terra.
Um fator chave na colheita do trigo para silagem é identificar o momento ideal, com base no teor de matéria seca (MS) da forragem. A idade da planta não é um critério confiável, pois o desenvolvimento varia com clima, solo e manejo. Em campo, a avaliação do ponto de colheita deve ser feita por meio da análise de espigas representativas, observando os grãos (grãos leitosos a pastosos). No entanto, a forma mais precisa e confiável de determinar o ponto ideal é pela medição do teor de matéria seca, utilizando métodos como air fryer, micro-ondas, Koster ou análise laboratorial.
O trigo deve ser colhido para ensilagem na fase de grão leitoso/farináceo, com teor de matéria seca entre 33 a 38%. Caso esse parâmetro seja negligenciado, todo o investimento e esforço envolvidos na produção da cultura poderá ser comprometido. O teor adequado de MS no momento da colheita é essencial para garantir boa compactação no silo, minimizar as perdas por efluentes e favorecer a digestibilidade da silagem.
Forragens muito secas dificultam a compactação e prejudicam a fermentação, enquanto forragens úmidas demais perdem nutrientes e geram silagem de baixa qualidade e palatabilidade. Estudo realizados pela EPAMIG com trigo MGS Brilhante irrigado avaliou silagens colhidas com 32%, 34%, 40% e 44% de matéria seca. Neste estudo, o trigo colhido com 40% de MS foi melhor, entretanto, o experimento, feito em minisilos bem compactados e vedados, o que favoreceu a fermentação.
Os cuidados na ensilagem do trigo são semelhantes aos da silagem de milho. Portanto, é essencial focar na colheita no ponto ideal de matéria seca, no tamanho correto das partículas, e garantir eficiência na compactação e vedação dos silos, para obter silagens de alta qualidade. Seguindo essas recomendações, você garantirá uma silagem de alta qualidade.

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