Manejo de formigas-cortadeiras no campo

Por Cidália Gabriela Santos Marinho¹ e Karina Dias Amaral² |||||

O manejo de insetos praga no campo é desafiador e os insetos, muitas vezes, possuem a habilidade de escaparem da ação de inseticidas e de outras práticas de manejo. As saúvas e quenquéns, são exemplos disto. São consideradas pragas generalistas, pois promovem a desfolha em plantas de interesse agrícola, florestal e zootécnicas. Por esse motivo, precisamos realizar o controle da forma correta para que seja eficiente. Para isso, é preciso evitar a realização de práticas que não tem fundamentação científica comprovada, pois podem trazer maiores problemas, como por exemplo a redução temporária da atividade da colônia, e em seguida reestabelecimento da atividade de corte de folhas, até mesmo com maior intensidade.

Embora sejam pragas que trazem prejuízos há décadas, pouco mudou nas recomendações de manejo que são praticadas há anos. Além disso, por se tratar de insetos sociais, ou seja, vivem em grupo e se protegem, apresentam comportamento bem diferente dos insetos solitários, como mariposas e besouros. Não basta eliminar uma grande quantidade de formigas se aquela que produz os ovos, e consequentemente novos indivíduos, isto é, a rainha, não for eliminada.

Entre os métodos de controle com eficiência científica comprovada, temos os pós secos, iscas granuladas e a termonebulização, sendo este último, pouco utilizado devido à baixa disponibilidade de inseticidas termonebulizáveis no mercado, necessidade de mão de obra especializada e o alto custo do termonebulizador.

O pó seco, a base de deltametrina deve ser aplicado em colônias pequenas, até um metro quadrado de terra solta sobre o solo, e nas épocas secas apenas. Ao utilizar o pó seco em períodos úmidos, ocorre a aderência do pó nas paredes, dificultando a chegada do formicida no interior dos ninhos. Outro aspecto importante é que a bomba tamanduá (polvilhadeira) que é utilizada para aplicação do pó, não tem capacidade de injetar o formicida a mais de um metro de profundidade. Neste caso, ao aplicar o pó formicida em colônias maiores que um metro quadrado e em períodos úmidos, o controle não será efetivo.

As iscas granuladas por sua vez, devem ser aplicadas em colônias maiores que um metro quadrado de terra solta, sendo que o princípio ativo mais utilizado é a sulfluramida. Esse método de controle só será eficiente em períodos secos, pois com a umidade relativa do ar alta as iscas, que tem polpa cítrica na sua composição, aumentam em volume, dificultando o transporte por parte das formigas e consequentemente a eficiência no controle. É importante atentar que diferentes marcas apresentam as iscas com grânulos pequenos ou grandes, e isso influencia no carregamento por parte das formigas. Neste caso, para o controle de quenquéns, que são formigas menores quando comparadas as saúvas, devemos aplicar iscas menores, e para as saúvas as maiores. A aplicação das iscas formicidas requer a medição prévia da área de terra solta dos ninhos (maior comprimento x maior largura). A recomendação para a maioria dos fabricantes é a aplicação de 6 a 10g de isca/m² de terra solta. Outro ponto que deve ser cuidadosamente observado é o local de aplicação das iscas, que deve ocorrer a uma distância de 30cm dos olheiros ou da trilha de forrageamento e nunca sobre o monte de terra solta ou sobre trilha, tampouco dentro dos olheiros de trabalho.

Uma alternativa de controle disponível para períodos chuvosos seria a utilização do termonebulizador, mas como citado anteriormente, as dificuldades encontradas têm promovido a redução do uso dessa técnica de manejo no campo.

Assim, é importante que os produtores rurais ao realizarem o controle das formigas-cortadeiras, o façam nas épocas secas, utilizando as iscas formicidas ou pó secos, os quais devem ser registrados no MAPA. Estes formicidas devem ser aplicados em quantidades recomendadas pelo fabricante, de acordo com o tamanho das colônias e ainda realizando o planejamento das épocas de aplicação, a fim de controlar esse inseto praga de forma eficiente.

¹Professora Titular do Departamento de Ciências Agrárias, UFSJ, Engenheira Agrônoma e Entomologista | ²Pesquisadora de Pós-doutorado no Departamento de Entomologia, UFV, Bióloga e Entomologista

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