Por Larissa Grazielle Paulino Melo e Cláudio Manoel Teixeira Vitor * |||||
Se no período atual há forragem sendo produzida com abundância, o mesmo cenário não será visto quando o período de seca chegar. Essa questão é amplamente discutida por pecuaristas e pesquisadores. Como contornar a escassez de forragem do período sem chuvas? Existem algumas opções, como diferir uma área de pastagem, fornecer suplementação volumosa ou concentrada, utilizar cana-de-açúcar ou capineiras.
A BRS Capiaçu é um excelente recurso para uso em alimentação animal, seja verde e picado no cocho, ou na forma de silagem. Esse capim está chamando a atenção dos produtores e pecuaristas por suas qualidades e potencial. É uma cultivar de capim-elefante bem alta, chegando a cerca de 4 metros de altura, com uma boa quantidade de brotos (30 por metro quadrado) e touceiras eretas. Além disso, tem folhas largas e verdes, colmos grossos e espaço entre os nós longos, e, quando está mais desenvolvido, não apresenta pelos nas folhas, o chamado “joçal”.
Uma característica que chama atenção e dá destaque ao BRS Capiaçu é a sua alta produção, cerca de 300t/ano/ha de matéria verde colhidas em 3 cortes anuais. Além disso, apresenta boa resistência a pragas e doenças, germina bem e possui alto valor nutritivo.
Pesquisas da Embrapa mostraram que a BRS Capiaçu se dá bem em várias partes do Brasil, principalmente em climas tropicais e subtropicais. Mas é bom evitar plantar em solos muito úmidos ou que encharquem. Comparada ao milho e a outras cultivares de capim-elefante, ela aguenta melhor períodos curtos de seca, o que a torna uma ótima opção para áreas que enfrentam esses eventos.
Devido à sua alta capacidade de produção, a cultivar extrai muitos nutrientes do solo, sendo necessário a reposição a cada corte. É recomendado realizar análises de solo e seguir orientações técnicas de um profissional para que as fertilizações sejam feitas adequadamente.
Durante o período de seca, o desempenho dos animais é prejudicado, podendo levar à perda de peso e à redução da produção de leite ou carne. Por isso, é essencial adotar estratégias para que o rebanho mantenha seu peso e produção. Nesse contexto, as capineiras são uma ótima solução para amenizar a falta de alimentos durante o período de estiagem.
É uma cultura perene, ou seja, quando bem cuidada e manejada, a capineira pode durar cerca de 15 anos sem precisar de replantio. Entretanto, para garantir essa longevidade, é importante tratar a capineira como uma cultura desde o seu estabelecimento.
Para tanto, o plantio deve ser feito em ambientes sem muito morro para facilitar a mecanização e os tratos adequados a capineira. A BRS Capiaçu pode ser plantada em covas, por estacas e em sucos. Para o plantio em covas, recomenda-se colmos grandes e saudáveis, que podem ser cortados em toletes pequenos (20 cm – 30 cm). São colocados horizontalmente nas covas, que devem ter um espaçamento de 50 cm entre si e de 1 a 1,30 metro entre as linhas, com uma profundidade mínima de 20 cm. Esse método é ideal para áreas pequenas e terrenos com morros. Por estacas, que são os pedaços do capim a serem usados de mudas, eles serão colocados verticalmente no solo com mesmo espaçamento usado para o sistema de covas. Este método é também recomendado para pequenas áreas, sendo mais rápido e menos trabalhoso que o plantio em covas. E por sulcos, onde dois caules inteiros são colocados no fundo do sulco em sentidos opostos, com aproximadamente 20 cm de profundidade. Nesse sistema, o “pé” (que é a parte mais basal de um caule) fica em contato com a “ponta” (que é a parte mais apical do outro caule). Diferente de outros métodos de plantio, aqui o corte do caule é feito dentro do sulco direto no campo, e os toletes, que variam de 50 cm a 70 cm, são cortados com enxadas ou facões. Em todos os métodos de plantio, é necessário aplicar fertilizantes e cobrir os caules com solo. Após 60 a 70 dias, ou quando atingir a altura de 2,5 a 3 metros, o capim pode ser colhido e fornecido picado no cocho, visto que, com esta idade, existe um equilíbrio entre valor nutritivo e potencial de produção de biomassa. Neste momento o BRS Capiaçu apresenta aproximadamente 8% de Proteína bruta e 65% de FDN, que remete a parte fibrosa da planta, e produção de massa forrageira de 80 a 90 t/ha/corte. Para ensilar o BRS Capiaçu, a sua altura deve estar em torno de 3,5 a 4 metros, com 90 a 110 dias. Nesse ponto ele já tem maior produção de biomassa, com maior teor de matéria seca, o que beneficia o processo de ensilagem.
Portanto, ao se utilizar a BR Capiaçu como forrageira, seja verde picado no cocho, seja na forma de silagem, os pecuaristas garantem uma opção eficiente para nutrição do rebanho, contribuindo para oferta de alimentos no período de seca.
Larissa Grazielle Paulino Melo e Cláudio Manoel Teixeira Vitor (UFSJ – GEPEC – Grupo de pesquisa em Pecuária – instagram: @gepecufsj)
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