O Brasil se destaca pela grande produção de alimentos, possuindo condições favoráveis para diversas culturas. A soja é a cultura que mais cresceu em área, produção e produtividade no Brasil, nas últimas décadas. O país na safra 2022/2023 cultivou uma área de 44 milhões de hectares, com uma média de produtividade de 3.550 kg/ha, sendo atualmente o maior produtor mundial. Diversos fatores foram responsáveis pela expansão da cultura, tais como a adaptação de cultivares, áreas mecanizáveis e adoção de um bom manejo da cultura.
Em Minas Gerais, na safra 2023/2024 a soja ocupou uma área de 2,2 milhões de hectares. O estado praticamente dobrou sua área nos últimos 10 anos, demonstrando a importância que essa oleaginosa vem ganhando. As principais regiões produtoras são o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Sete Lagoas situa-se na região central de Minas Gerais, e tem a pecuária e o cultivo de milho, principalmente para silagem, como suas atividades predominantes. No entanto, essa realidade vem mudando com a introdução da cultura da soja nos municípios da região, sendo assim uma nova opção de cultivo em rotação com milho e principalmente em áreas de pastagens degradadas e subutilizadas.
Uma das principais características da cultura da soja é seu ciclo curto, em torno de 120 dias, dependendo da cultivar, tendo dessa forma um retorno mais rápido do investimento, atraindo assim novas empresas do ramo e aquecendo a economia regional como um todo. É fácil observar isso nas grandes regiões produtoras do Brasil, com cidades prósperas, bem estruturadas e forte comércio.
Diante disso, uma das perguntas que surge é: A soja realmente tem condições de crescer na região Central de Minas Gerais? Sim, já temos exemplos de produtores alcançando altas produtividades em fazendas dos municípios da região, como Sete Lagoas, Matozinhos, Inhaúma, Paraopeba, Cordisburgo, Curvelo, Morro da Garça, Corinto, Três Marias, entre outros. Não podemos deixar de citar o grande Alisson Paulinelli que foi pioneiro da soja na região, com cultivo no município de Baldim. Dias de campo promovidos pelas fazendas em parceria com a Embrapa e empresas têm demonstrado esse potencial. Algumas áreas nas últimas safras tiveram talhões com média entre 80 a 90 sacos/ha, lembrando que a média nacional é aproximadamente 60 sacos/ha. Vale ressaltar que essa alta produtividade são nos melhores talhões das fazendas em relação a fertilidade do solo e com adoção de um excelente manejo da cultura. Em áreas de abertura a expectativa de produtividade é um pouco menor, porém ainda com média considerada muito boa.
Ainda não temos números exatos da soja na região, mas é nítido o crescimento a cada safra, pois produtores de safras anteriores têm planejado aumento de área nas safras seguintes. Aqueles que ainda não trabalham com a cultura, têm observado atentamente o desempenho da soja na região, principalmente em relação ao seu manejo, pois é uma novidade para a maioria. Um ponto muito positivo é que temos vários exemplos de sucesso da cultura em outras regiões, além da presença de empresas com profissionais altamente qualificados para assistência técnica.
Quais são então os desafios para que a soja continue crescendo na região central de Minas Gerais? Primeiramente, é importante um bom manejo do solo, principalmente para o produtor que não possui irrigação para lidar melhor com os possíveis veranicos. Outro ponto é a necessidade de mais unidades de recebimento dos grãos e ainda alguns produtores tem relatado uma quantidade insuficiente de colhedoras para a quantidade de áreas que vem crescendo. Um ponto bastante favorável é a instalação no município de Curvelo de uma das maiores fábricas de ração da América Latina, que necessitará de muita soja. Alguns estimam que essa área pode ser maior que 100 mil hectares ao longo dos próximos anos. A partir de agora, produtores, pesquisadores e técnicos devem trabalhar em conjunto para o sucesso da cultura da soja na região, ajustando o manejo de acordo com nossas características de solo e clima, para que possamos ser futuramente uma nova região de referência de cultivo, sendo a mais nova fronteira agrícola da soja no Brasil.
Autores: Amilton Ferreira da Silva1, Diego Antonio Gonçalves2 e Vinicius Silveira de Miranda3
1Professor Doutor do curso de engenharia Agronômica da Universidade Federal de São João del-Rei – Campus Sete Lagoas. 2Aluno de mestrado do programa de pós-graduação em ciências agrárias da Universidade Federal de São João del-Rei – Campus Sete Lagoas. 3Aluno do curso de engenharia agronômica da Universidade Federal de São João del-Rei – Campus Sete Lagoas